Que
homem nunca se apaixonou por uma piranha que lhe confundiu o bom senso? Hoje eu
me retiro do gueto feminino para prestar homenagem às biscates, essas mulheres
gostosas que antes desfilavam suas formas voluptuosas apenas pelas festas de
garagem do bairro onde moravam, nos camarotes das baladas de pagode e nas
pistas das danceterias da Vila Olímpia para tomar as redes sociais com seus
perfis sexy, multiplicando seus seguidores como o milagre dos pães.
O
ser humano tem mais medo de se expor do que a própria morte e é por isso que as
biscates merecem nosso respeito – elas querem ser notadas pelos homens a
qualquer preço e não têm vergonha disso, por isso passeiam de barco com o
Neymar e depois fotografam de graça para ensaios sensuais na praia do Gonzaguinha,
deixando os peitos para fora para ilustrar cliques paparazzi sujeitas a pegar
um bicho geográfico naquelas areias e passar semanas sob efeito de
antibióticos.
Escrevo
esta coluna em 4/12, data em que o Corinthians levou o Campeonato Brasileiro
pela quinta vez. De olho na movimentação dos comentários no Twitter, Facebook e
Instagram tive a inspiração para estas linhas. Com frases sem nenhum potencial
poético, mas com um carisma puramente carnal as biscates investigaram o
futebol, foram atrás das informações sobre os campeonatos, estudaram as
condições dos finalmentes da série A e usaram isso a seu favor.
Para
ficarem mais próximas dos homens, as biscates, que antes limitavam-se a papéis
de chacretes ou modelos fotográficas de borracharia, agora alçaram a condição
de blogueiras com picos de acessos, políticas, cantoras de funk, personagens da
dramaturgia (T O D A novela tem uma biscate), rainhas do Instagram (para uma
vaca sangue V positivo, em seu perfil no Instagram, todo dia é dia de lingerie
Day), assistentes de palco com ponta em minisséries (ainda que fazendo o papel
delas mesmas), favoritas dos reality shows /campeãs dos reality shows, esposas
de donos de emissoras de TV aberta, atração principal dos programas
humorísticos, estrelas de catálogos das cintas modeladores do Doutor Rey e
divulgadoras de clínicas de bronzeamento artificial. Salvas da mediocridade,
agora elas são respeitadas como as mulheres frutas que vão à Europa para fazer
shows. Belo, você é um fraco, poderosas são as biscates cantoras de funk que
lotam as casas noturnas da Champs Elisées. Transbordar de público um Aramaçã da
vida é fácil.
Usando
o futebol como pano de fundo, publicam frases que agradam e atraem os
internautas masculinos. Adotaram a expressão “Chupa” em provocação ao time
adversário, embora com um frenesi forçado, porque sabemos muito bem o que é que
elas chupam. As não-biscates perderam o direito de usar o chupa. C H U P A! E
esse “chupa” vem sempre acompanhado de uma foto mostrando a referida anatomia
como um retrato de bunda para a lua com destaque para o símbolo do Corinthians
bordado no shortinho ou em um dos bojos do biquíni.
Elas
se comunicam de forma hipnótica com os homens – uma bunda de uma biscate
autentica não é capaz de deixar um homem prestar atenção em mais nada. Por isso eu peço a você que está lendo este
texto agora: reflita sobre sua implicância e tire o chapéu para este tipo de
mulher, pois mais do que qualquer outra coisa, elas merecem nossos aplausos,
porque têm um objetivo que é seduzir o
maior numero de homens possível e conseguem sempre. Embora toda a vulgaridade e
os exageros com disciplina férrea, elas malham para expor a figura, informam-se
para não passar vexame ao assistir às partidas às quartas nos bares da cidade,
vão aos estádios no meio da maloqueiragem, aprendem os hinos dos clubes,
tatuam-se, fazem das tripas coração para entrar nas torcidas organizadas e nada
lhes provoca esgotamento. O nome disso é dedicação, foco. O objetivo final é
sempre engravidar de um craque em evidência e “até” isso elas conseguem.
por Denise Molinaro
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